quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

nosso solo é coletivo
é terra de sonhos unidos
é chão com reflexo do céu infinito
é brilho convergindo
é sabor das bocas destemidas
é o peito pulsante
aqui o solo é vibrante
dourado de verão
conexão direta cabeça alma coração
união de mentes sãs
vida ativando a circulação
sonhos em trânsito livre
criação emergindo em terra quente
mente em ebulição
sou amante de quem pisa nessa terra firme
aqui meu corpo em alerta realiza
a realidade em período fértil


eu sou um coletivo de solos
Eu não sonho solo
Eu sonho coletivo










domingo, 7 de dezembro de 2008

Blog da Árvore






Sonhos Coletivos




Somos







solos



solitários



Enquanto não houver igual democracia
Enquanto a tecnologia for mais forte que o olhar
Enquanto a publicidade falar por nós



Somos







solos



ilhados



Calados dentro do peito
Enquanto as relações são comprimidas pelos impulsos restantes
Enquanto as amizades dependerem da mesma operadora telefônica.



Ilhados



Somos







Solos



A tecnologia criou os mais saborosos biscoitos, mas o prazer de degustá-los só chega até as pontas dos dedos.
Poupe tempo seu amigo imaginário já desconfia que não existas e não se surpreenda se também tiver dúvidas.



Sonhos coletivos



Somos coletivos



Somos o sabor das bocas



Somos parte-todo da Cidade



Somos o que mais preciso for



Para resgatar o amor



Por mais que tenha que sangrar
E servir de vinho ou pão



Não



Sonho







Solos



Coletivos.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

preparou com o empenho de um artesão
desbeletou com a precisão do relógio
entrou em transe acertando a posição
afinou um pouco a ponta, fez uma piteira
levou a boca.acendeu com isqueiro bic
tragou fundo sua desejada obra de arte


baseado em fatos reais
(ora,se é fato num é real?)

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Manga Rosa

como é que eu aprendi a dirigir? até que me considero hoje um bom motorista, mas como consegui essa proeza. quando entrei pra auto escola, o professor tinha sempre um BASEADO para fumar no alto da boa vista, na joatinga ou qualquer outro lugar bacana pruma viagem. saia de casa já com uma larica pra dividir como teacher, já que era ele quem apresentava o BASEADO. era um estímulo tirar a carteira de motorista.

.. uma das coisas que ele não me ensinou - estacionar em ladeira. acabávamos sempre dando umas voltas na lagoa, no aterro, na praia, nunca numa ladeira, nem no alto leblon, sorte que eu não sou completamente sem noção - mas sempre existe o perigo. nas minhas primeiras andanças eu parecia brincar de querer matar motoqueiro, enfim, o impressionante mesmo era que fumar um BASEADO nas vias expressas do Rio de Janeiro, parecia uma brincadeira de criança, um desafio ao absoluto, uma distração ao tédio. nada de muito importante, nem de banal. vivíamos numa jamaica hipócrita.

então, anos se passaram e eu estou aqui, com o meu carro, na segunda carteira de motorista, depois de milhares de multas, pequenos arranhões, grandes e pequenas viagens e ainda assim, mesmo que o tempo tenha passado, eu entro no carro e é inevitável pensar num BASEADO com o instrutor da auto-escola, nas laricas e nas cocotinhas se exibindo na praia. era uma vida boa, dava boas risadas, às vezes falávamos na solidão das pessoas e na canseira de se viver coletivamente. eu apresentei pra ele The Doors. ele me apresentou um MANGA ROSA de primeira. as aulas acabaram e só na minha segunda prova prática eu tirei a carteira. depois cada um foi pro seu canto.

sábado, 15 de novembro de 2008

Onde entra e sai o mundo.



Passo, dobro a esquina e olho por cima do muro, parte é penumbra parte é escuro
Aceno em resposta ao aceno mudo, amigos refletem sombras animadas no paralelepípedo agitado, são passos que rodeiam o mesmo lugar, são solos confusos tentando a mistura, as siluetas dizem muito sobre cada um, ao passo que cada um sabe tanto ou menos sobre si, pergunto e nem sempre respondo, o que me é claro durante todo o tempo é que não sei o que faço aqui . O ângulo de visão pode distorcer o que já não é compreendido, por isso busco ver de cima para ter uma melhor visão da planta baixa do universo, a atadura do braço esquerdo incomoda mais que a dor no pescoço, enquanto isso na tela de disparos contra os aviões inimigos, desvio das balas e tento me fortalecer com os poderes e armamentos que me são oferecidos, a tensão é constante, um descuido e Game Over, enquanto a vida se mostra breve abrevio assim minha conclusão - qual é minha parte nesse mundo, minha história é um prato raso ou um vaso sem fundo? No trilho o prenuncio da locomotiva vem num som agudo de amolar facas, cortando pensamentos e espalhando miolos sobre as pedras, não se pode deixar que essa realidade em toneladas de ferro maciço organize nossas vidas e é cedo demais para que tudo se torne tarde. Na curva do Kart acelero com medo de capotar, mas foda-se ou tento agora ou me curvo à curva e sou ultrapassado na reta final. Em torno da lua existe um halo com muitas estrelas em volta, suponho que amanhã é dia de festa. É como a pele enrugada no meio da testa, distorce o semblante, mas protege a retina de todo excesso. É claro que tudo isso somado a tudo aquilo, resumindo, é puro sexo. O bem que nos foi permitido, o extinto que nos é primitivo, o motivo nem sempre explícito, o efeito chocolate cerveja e canabis.
Não desisto dos sonhos realizados, de um lado são vidas paralelas, do outro lado somos nós os observados. Observo as notícias e critico minha ausência dos fatos.
Não existem mais olhos que se olhem nas ruas, comida chinesa parte é cozida-frita a outra parte é crua.
Sempre sou sincero quando não minto, blasfemo de quem não tem a fé em riste e não creio em felicidade triste.
Mudo de calçada, elogio seus brincos, brinco contigo, te dou um bonde até a página do meu livro, junto o teu nome ao que já está escrito, eu já to num outro mundo é isso que eu acredito.

vazio lotado

hoje amanheci às 13 horas.pensamentos e sentimentos em caldeirão já levantando fervura.o corpo tranquilo.lá fora está um sol lindo. agora não quero sol.a sensação é de que estou num buraco negro latência em pulsação explosões estelares.é muita muita gente falando querendo tudo ser amada aprovada admirada compreendida tudo sem vírgula, pára um pouco.não, não quero que segure na minha mão, nem quero uma cervejinha e ninguém fale comigo hoje no diminutivo.dane-se que já estamos em novembro, quase dezembro. todos os dias quando acordo penso (ainda na cama) que hoje é o meu ano novo.lembrei disso:o pátio estava completamente vazio quando eles chegaram e ele estacionou o carro numa vaga muito longe da entrada da fábrica (Volvo). por que você estacionou tão longe se o pátio está vazio? porque cheguei antes de todo mundo e vou deixar as vagas próximas à entrada pra quem estiver atrasado.foi assim que eu soube que existia um movimento que eu já vivia, o slow life.vem cá, você não ficou com pena dele? ele acordou e não tinha ninguém, até choque elétrico ele levou! não, não fico com pena, descobri que sentir pena é arrogância,é sentir que se está acima.acima de que?! in the rabbit hole é um termo da Física, né? buraco negro? eu já tô num outro mundo, não, to não, eu vivo num outro mundo dentro deste mundo e de repente isso me dá alegria de verdade, alegria pura porque não é um mundo paralelo, é um mundo diferente e sempre chega mais gente. também deixo a porta entreaberta mas não fico gritando entre, é chato, sem sentido, não gosto desse joguinho de quem tem razão,aprendi há anos que vivenciar a harmonia da diversidade é eliminar tudo o que não traz dignidade, verdadeira criatividade, começando por nossa própria diversidade interior.não posso responder por você. se fora é reflexo de dentro, procura aí, o pátio tá cheio de vagas.e sabia que com pouca gente essa fábrica sem pressa lucra nonstop? é, eu sei que conseguiram vulgarizar até o por de sol em Cancun,alimentam a fome e depois criam camisetas e passeatas. mas eu estou aqui com você e tem mais gente, olha que lindo... o que foi que o Desmond Tutu escreveu? que a vitória do Obama nos ajuda a entender que fazemos parte de uma delicada e interdependente rede, e só seremos capazes de celebrar completamente nossa herança, de alcançarmos todo o nosso potencial, se todo mundo, em toda parte, puder fazer o mesmo.puxa,e você pensou em mim?
- pára de falar, vamos dançar
- ei, moça você tem fogo aí?
- pôxa, com tanta mulher nessa festa você vem pedir fogo justo pra minha?
ele vai pro banheiro emburrado.começo a dançar , só, no meio de tantos olhares novos (?).ih, o cara saiu do banheiro ela já está com outro. aquele ali a essa altura parece um boneco de pano (lembra da cigana Dadá?) dançando, que olhar lindo que ela tem. o mundo tá cheio de zumbis mas eu tô bem viva aqui.e canto...whenever I celebrate my Self I give you the chance to celebrate your Self.ai, que bom, ele tá voltando.
Afinidades Eletivas

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

4.
- só queria uma cerveja e alguém
que segurasse a minha mão
(uma viagem por mais curta que seja,cansa!)



2.
eu ja tô em outro mundo.
choque elétrico]
eu ja tô em outro mundo?
de novo e mais forte]
(o sufocado que respira)
renascia

1.
como quem acorda de um sonho com uma vontade quase
incontrolável de uma sexta feira e todo pacote disso.ver gente.
se sentir gente.parte integrante de alguma coisa.qualquer.
e algumas cervejas


3.
abriu os olhos e não viu ninguém




:




em cima do sapato boneca

.
Parte 1: da pele pra dentro

Uma de suas qualidades é que não tem medo de se fragilizar. seu orgulho resume-se em expor-se quando está dilacerada e quando especialmente plena escancara seus defeitos. Isso dá a ela um misto de fragilidade com intensidade, de rebeldia em ser verdadeira simplesmente. Sua liberdade é apenas aceitar-se. É pouco ser apenas “si”, mas viver isso completamente é uma das coisas mais bonitas que uma pessoa pode ter. não tem receio de dizer que tem muito medo de perder as pessoas que ama, e que ama sem ao menos conhecer. Ama de olhar. mas não tranca a porta pra impedir ninguém de ir embora. A festa é dela. e a porta está sempre aberta. Entra quem é convidado mas sai quem quer.
Deixar a porta aberta não é assim tão fácil. Por isso tinha olhos de lágrima. Tão bonitos quantos os olhos de ressaca são seus olhos de quase lágrima, com a maquiagem borrada de antes ou depois do choro, vai saber. Vivia isso olhando pra água, o pés a beira do deck. A festa bombando ao seu redor, mas dentro dela estava calminha.

Parte 2: da pele pra fora

Virou-se e olhou em volta. Agora suas costas olhavam o mar e seus olhos também, um mar de gente. Tinha um moço com a calça caindo e uma garrafinha na mão. Ele pediu fogo pra uma moça de vermelho. Acendem um cigarro no outro, é quase um beijo. Tem outro rapaz com uma blusa escrito “diversidade”, o que lhe lembrou um termo que gostou muito, “harmonia na diversidade”. Uma moça perto do bar dançando em par, sozinha. é bonito isso. ela dança bem. Depois da meia noite e alguns drinks todas as pessoas são felizes. 2:30 h da uma badalada, a música interrompeu, algumas pessoas pararam, que isso? A musica voltou elas ainda paradas? Festa de artistas é sempre uma surpresa. Um rapaz se aproxima. Ele usa uma cartola. chega perto, fecha os olhos como quem descansa a retina e diz:
- já não me diz nada um pôr do sol em cancun e um coqueiro em alto mar já vagou por protetores de tela demais para me causar qualquer sensaçãode bem-estar. O resto você conhece
Ela - já li isso em algum lugar
Ele – vamos sair daqui
Ela – por mar ou por terra?
Pegaram um barco, e saíram com um casal de calendário parisiense, ele com sua cartola, ela com seu sapato boneca.
no meio no caminho ela se lembrou
- esqueci a porta aberta! Mas não tem a menor importância,
eu já to em outro mundo.
.
.

hildebranda

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

sobre a exaustão das retinas

já não me diz nada um pôr do sol em cancun
e um coqueiro em alto mar já vagou por protetores
de tela demais para me causar qualquer sensação
de bem-estar; os casais parisienses que habitam
calendários já não me dão sequer vontade
de ir a paris assim como não me comovem
mais as crianças de sebastião salgado nem
a menina que foge do ataque do napalm
e que em breve estampará cangas e biquinis;
as imagens estão gastas e não há nenhuma
que erga pontes como a palavra que.

gduvivier

No bar

Eu tava no bar, brincando de brincar, não encontrava o me par. 
Resolvi beber, tentar me enternecer, umidecer, esquecer, e encontrei você....
Você tava lá, brincando de jogar e não encontrou o me olhar.....
Fiquei na minha, ouvindo minha musiquinha, sentindo a minha ondinha e te tirei pra dançar!
Você não conseguiu me acompanhar, não serviu pra ser meu par, parecia meio surdo, um ser de absrdo, fico tdo mito confso. 
Tentei me afastar, fi procrar otro lgar, esqcer de par, PAR!!!! Otr algém pra dançar!!
Mas, você estava lá, em todo lgar, e não achava otro olhar e pensei:
QE SE FODA TDO, QE E JÁ TÔ EM OTRO MNDO!!!!!!!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

sobre um clichê inocentado.(com 'senhas', da calcanhoto)

"diversidade" é boa palavra, dizem. eu concordo. as aspas, por exemplo, usei pra dar destaque ao verbete. respeito o termo. vejo nele um certo teor revolucionário, sabe? há, por exemplo, os uniformes que protegem a diversidade das espécies. as correntes da diversidade de modos de vida, de culturas. talvez seja esse o principal argumento da marcha anti-globalização. meio assim: meu neto, talvez não chegue a saber o que é 'saci'. minha irmã de 11, já tá pouco se fudendo, curte 'high school musical' e tá feliz, crescendo. e sem saudosismo. aquele papo de vó de que "no meu tempo...", não é exatamente o que se pretende aqui. mas pensando nisso pelas pesquisas da madrugada, dei de cara com o 'slow life', uma ideologia que prega um existir menos apressado. pausa: isso é revolução, caro leitor de blog, e da mais vertiginosa. pense comigo, que nem sempre o mundo esteve engatado em 5ª marcha. para dar conta de uma tarefa 'x', José precisava de orgânicos 4 dias. você, capaz que é, se ofereceu finalizando em 2. seu vizinho adora café, e mata essa em 1 dia, olha que eficaz. nesse processo de alta performance e superação, o homem se inventou robô, elevou seu rendimento funcional. aplausos? nessa de priorizar a casca, os eticétaras vieram com força, e aí aquela merda toda: aquecimento global, divã lotado, cultura do medo.... recuperar o entendimento de que água de côco combina com paletó, afrouxa a gravata do mundo. é raro, e isso por si só já faz da coisa algo interessante. é a tal da diversidade gritando por espaço, tentando te fazer lembrar dela apesar da memória curta da geração rivotril, que acredita que o normal é isso aí. artista de plataforma é o caralho. vida é invenção, respeitável amigo. escreve umas coisas a que você queira se propôr num papel, e aí prega num lugar visível. e um beijo se isso soa azulzinho demais, olha mais de perto. ou você pode ficar por aí, se quiser. eu já to em outro mundo, e aqui o brilho no olho tá correndo solto.

sábado, 8 de novembro de 2008

um instante naquela pista

Noite.gente. muita gente. barulho de copos misturado com a música alta. ela com suas sandálias vinho , muito lápis de olho preto , comendo morangos na taça.

Ela : “I need a fix 'cause I'm going down ...down to the bits that I left uptown … como era?...I need.... ai need o quê mesmo? I need...I need a fix cause I'm going down. Isso!!! Mother Superior jump the gun. Juuuuump the gun...
Esta época do ano fico tão mais fraca pra bebida, não posso me esquecer disso. Ok. Lembrar na quinta caipirinha já não faz mais diferença. Eu sei. Moço, toca aquela música que ...calma..eu só lembro de uma parte..é assim.. ai,calma, passou rapidinho na mente, é “.....”, gente, como é que eu fui me esquecer de Beatles?...moço é Beatles, aquele álbum branco..é. ah sempre é horrível pedir pro DJ música. Não vou mais pedir. Porque aquele cara ali fora está me olhando? vai me pedir fogo.sempre.Porque eu não olho? Nunca consigo olhar de volta. Meus olhos... se não disfarço, me entregam. Cadê o menino da... Não , não venha me chamar pra dançar, não quero. Caaalma, é só dizer : não quero. Não acredito! É ele. Ele chegou, tinha certeza que ele vinha. Tá, não vi, vou fingir que não vi, qualquer coisa justifico que estou ficando míope. Não, não justifico nada, não vi e ponto. Ele é que tem que vir falar comigo. É estranho encontrar depois de tanto tempo. Queria saber mais como está tudo. E esse frio na barriga? Gente porque estou aqui parada? Esperando? Esperando o que? E o cara que foi ao banheiro e não volta? Mas eu não estou esperando ele. Aliás porque eu estou pensando nele? Aquela calça escorregando , a cachaça na mão , a pálpebra caindo , mas tinha um olhar que dizi....quantos minutos já se passaram? Segundos ou milênios? Disfarço. Riso frouxo. É noite, e vem com a desculpa perfeita pra fingir que está tudo bem. Estou feliz. Ai, ele tá se aproximando , que frio na barriga.E ai tudo bem, o que você anda fazendo? tanta coisa....estou bem. E você?....nossa, você tá aqui já faz tempo? Para de ensaiar o que você vai falar. Nem quero falar com ele . Cadê aquele moço que ia pedir fogo? “The man in the crowd with the multicoloured mirrors.. On his hobnail boots ...Lying with his eyes while his hands are busyWorking overtime” O nome da música , ai ...
Vou lá fora. Pessoas, pessoas, pessoas . Nos fingimos de outros ou somos todos os mesmos. De novo. Estou distante. Volta, volta. Um pontinho, estou solta .Não. Não posso estar solta porque estou em união com tudo. Esse discurso repetitivo na minha cabeça. “Todo mundo sorrindo se sentindo a vontade“, quem falou isso? O moço do banheiro. Aliás até agora no banheiro?
Às vezes quando tem muita gente é quando eu me sinto mais sozinha. Eu já tô em outro mundo. Ei , volta, volta.Aqui, agora. Tudo amplo, minha vista aérea, ficou tudo tão distante e tão claro, olha os pontinhos lá embaixo. Queria mergulhar nua nesse mar. Agora. rasgar o vestido, a maquiagem borrada, acho lindo maquiagem borrada , ou então parar o som e começar a cantar do alto das minhas sandálias vinho e do meu vestido rodado escarlate: "She's not a girl who misses much Do do do do do do do do" Do que essas pessoas falam tanto? Às vezes dá um enjoamento de tudo isso. Ih, o calça caindo saiu do banheiro com seu copo de cachaça ... deixa pra lá. To gostando do moço do fogo. Aqui fora tá melhor. Mas...

Ele - Ei.
O frio na barriga agora? mas e o moço do fogo cadê? oi e aí o que anda fazendo? Saudade de você. Não seja muito simpática.Para de ser boba, você que não foi legal com ele. O Obama ganhou né? Fiquei até com vontade de morar nos EUA. Que besteira. Tá gostando daqui? Ia pedir a música aquela..lembra o nome pra mim... dos Beatles que eu vivia ouvindo naquele ano? Te beijo. Vi você chegando mas tinha muita gente na frente, por isso que não falei nada. Se eu não escondo meus olhos me vêem...não quero dizer nada. Há quanto tempo estou em silêncio...eu..

Ele- She's not a girl who misses much Do do do do do do do do She's well acquainted with the touch of the velvet hand Like a lizard on a window pane..

Ela- Happiness is a warm gun…Happiness is a warm gun..bang bang bang... happiness..yeah yeah...

A menina sem século


sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Solocomotivos

Dinheiro não compra felicidade
Mas garante meu rolezinho pela cidade
Vou chegar na festinha com vivacidade
Todo mundo sorrindo se sentindo à vontade



Eu entro no recinto
Tranquilo eu me sinto
Bebendo absinto
Aperto o meu cinto
Que a calça ta caindo
a moça já ta vindo
cachaça ta subindo
amanhã é domingo
Portanto levo adiante
ce quer ser minha amante
sexo é importante
espera só um instante
vou ao toalete
rindo daquela esquete
quando eu volto
a menina já ta com outro valete
claro que eu fico puto
durante meio minuto
avante alguns segundos
eu já to em outro mundo
esbarro em um comparsa
com copo de cachaça
ressaca é mó neurose
cirrose é só ameaça
então me passa a 51
que nem fino na de um
misturo vodka e rum
acende o isqueiro e bum!
mistura aumenta o nível de loucura
Que bate mole até fura
pedra d'agua tanto dura

Perspectiva Nociva

terça-feira, 4 de novembro de 2008

tem a ver

uma parte de mim é todo mundo:outra parte é ninguém:fundo
sem fundo.
uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão.
uma parte de mim pesa,pondera:outra parte delira.
uma parte de mim almoça e janta:outra parte se espanta.
uma parte de mim é permanente:outra parte se sabe de repente.
uma parte de mim é só vertigem:outra parte,linguagem.
traduzir uma parte na outra parte
que é uma questão de vida ou morte
será arte?
ferreira gullar.

Postado por tatá. às 11:30:00 AM 0 comentários



:

Mari Branda

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Mi solo Tu solo.


Meu solo tem terra vermelha , sereno na grama e flor colorida. Tem calor de um carnaval à fantasia e ondas constantes de frio europeu.
Meu solo é constelação, reflete o céu estrelado no corpo nu, no chão árido, na montanha enviesada e no rio sempre muito gelado. Tem bolinha de gás fazendo cosquinha , vaga-lumes hiper-ativos , arco-íris duplo de fim de tarde.
Meu solo é quarto bagunçado, roupa pra tudo que é lado , trident armazenado , papel na gaveta , foto pendurada , caixas decoradas, uma poesia num cetim rasgado , alguns sonhos na fila de espera e outros realizados.
Meu solo tem vela acessa , perfume de âmbar , temperatura interna 8 ou 80 , é vazio nas horas de auto abastecimento e superlotado de acontecimentos. Tem silencio de madrugada, música alta de festa boa e animada e uns escritos soltos de tendência rimada.
Meu solo tem chuva de verão , raios hipnotizantes , barulho demorado de trovão, e prazer de estar vivendo tudo isso debaixo de um edredon. Tem cabana de lençol , bala confeitada , casquinha de creme brullèe(?) quebrada , feijão amigo na panela de barro, barra de chocolate para sustento diário.
Meu solo tem beijo roubado , dança solta e de rosto colado , abraço apertado , um colo não aguardado e muitos carinhos inesperados. Tem amores bonitos, tem os que foram, os que são e os que estão vindo.
Meu solo é coração , é vida , conectado com o mundo . Conexão sem cabo, sem roteador , não tem tamanho 3G especificado , e nem promoção por tempo ilimitado. Tem Iugoslavia , Colatina, Itália, Mauá, Rio de Janeiro, Giverny, São Paulo , Iraque, Estados Unidos, Madri .
Meu solo é plugado, sem intervalos , inseparável do tempo, dos seres e do espaço. Tem metrô cheio, ônibus atrasado, bicicleta correndo na orla, cristo redentor vermelho e mar agitado.
Meu solo interage , ama a harmonia na diversidade.
Nessa conexão de mentes e corações , a multiplicidade é minha chave e meu solo sinônimo de coletividade.


Sem século.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008


- Permitam que me adiante, propôs Carlota, para ver se atino aonde querem chegar. Como tudo tem conexão entre si, deverão também todos os seres estar em correspondência uns com os outros.
- Essa conexão será diferente, segundo a diversidade dos seres, prosseguiu Eduardo. Ora se encontram, como amigos e velhos conhecidos, que se juntam, se ligam, sem nada modificar um ao outro (como o vinho ao misturar-se com a água); ora, ao contrário, se conservam estranhos um ao outro, e até por meio de fricções, ou mecanicamente misturados, não se interpenetram de maneira alguma, como o óleo e a água, os quais sacolejados juntos, logo depois se separam.
Afinidades Eletivas

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

PV de um pato feio


Ela tava nua, magrinha magrinha. Me esperando, deixou a porta aberta, o porteiro tava avisado. "João né...?" "É." No elevador eu abri a carranca pro espelho, as pupilas dilatadas dentro de um olhar perdido, um tanto atordoado, meio patinho feio meio pangaré banguela, mas ainda restava um homem em mim, olhei pra câmera de vigilância esperando uma confirmação. Tenho certeza que o porteiro fez sinal positivo, afinal a gente simpatizou. O quarto tava com a luz baixa. Vou me esgueirando soturno. Ela finge que não acorda. Magrinha. Levanto o lençol de leve. Tateando senti os poros eriçando. Escuta o cheiro. A cena é obscena, observa... Dou um roçada de barba na nuca, ela vira: "Nossa, que bafo de cachaça! Seu cabelo ta cheirando a cigarro... po!" Balbuciei um "desculpa... já volto" Fui abluir, tirei a roupa, realmente um cheiro de sinuca com banheiro de rodoviária, desodorante, abraço. 11 min depois eu volto. "...aaaa agora sim, vem cá bebê de Rosemary..." e as afinidades foram eleitas...

terça-feira, 28 de outubro de 2008

ela se sentiu nua no meio da avenida. quis acender um cigarro.o cara implicou, não tinha isqueiro nem queria ter, não fumava.implicava com tudo o que ele achava que eram vícios. o que ela estava fazendo ali? pra que se despir pra quem não sabe ver? pensou no livro de Goethe que estava lendo, não afinidades não.... solos, solos eletivos, é isso. Farenheit 451, lembra? Truffaut é datado,é cult? que merda. ela amava ler. de novo a sensação de ser um patinho feio. cadê os cisnes? ( gritava por dentro) vou pra casa (decidiu) e foi. saltou no coletivo, amava a palavra coletivo, expressava mais,coração batendo 180 BPM, evaporou muito antes de começar a suar, botou o óculos enorme pra disfarçar o olhar gritante,sem século, mas quem é aquele homem de gravata se derretendo todo praquela gorda? hmm, esse perfume tá enjoando, gulp, lembra aquele banheiro de estrada,o cheiro da infância interrompida.o que é mais forte pra lembrança, cheiro ou som? não aguento frustração, não combina com gente, ai, que saco... o eterno passado num presente que não se mexe...o cobrador fala alto com o motorista, só aqui mesmo uma cena dessas, não quero ouvir esse papo sem nexo letras amontoadas aos berros. coletivo de letras é palavra? e o que mais? chega! minha vida é uma frequencia,que canal é esse? será que é muito sofisticada?
Afinidades Eletivas
a terceira vez que ia lá
pela primeira vez, tomou a decisão
-ela tava especialmente linda.uma blusa branca e costas de fora-
a segunda vez q ele fumava um camel
a segunda vez se percebera sem isqueiro
na porta do cinema, como todas as vezes:
pipoca metade doce,metade salgada
-ele a viu da porta -
contou três passos atrás,direção da rua movimentada
- um barulho gigante de pneu gritando no asfalto -
gritos.
ela saiu do cinema, primeira vez com outro cara
ele pela última vez,
porta do cinema







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